Enquanto a Terra gira…
É claro, o movimento rápido vem da sobreposição de 3 fotos e os riscos com caudas não são apenas de uma simples foto. Embora exista alguma produção nisso, a essência do efeito reside no movimento aparente das estrelas.
Todos sabemos que a Terra gira, mas qual é o resultado disso sobre as estrelas do firmamento? A resposta rápida é: elas giram! Já de que forma o fazem, bem, isso poderá surpreender alguns.
Imagine que você esteja sentando sobre a borda de um gigantesco disco girando e que os objetos observáveis estão suficientemente longe de você. Tudo parecerá girar sobre você exatamente no sentido contrário ao do seu próprio giro. Mas se olhar para o ponto mais alto sobre sua cabeça, ele lhe parecerá fixo! O mesmo ocorre para o ponto diametralmente oposto, embaixo de você. Estes são os polos, determinados pelo eixo de rotação do disco em que está.
Notará também que os objetos perto de um polo parecerão descrever círculos cujo centro é esse polo. E quanto mais afastado do polo, maior será esse círculo. Já os objetos que estão na linha do seu horizonte (90º dos polos) parecerão girar em torno de você, afinal, em um espaço tridimensional o seu giro o coloca sob uma perspectiva de um mundo esférico ao seu redor. Transcendendo um pouco a noção de que círculos e seus centros estão em planos, os objetos do “mundo esférico” que você observa em seu gigantesco disco girante parecem todos girar em torno dos polos!
É claro que a percepção de que o polo é o centro será mais forte para os objetos perto dele, ou seja, para os objetos do mesmo hemisfério desse polo. Partindo de um polo ao outro, o círculo aumenta até um máximo para objetos na divisão dos hemisférios (linha do horizonte, 90º dos polos) para então voltar a diminuir até chegar ao outro polo.
Esta é uma analogia do que acontece com você ao olhar para as estrelas. A principal diferença é que a Terra não é um gigantesco disco plano girando, mas praticamente uma gigantesca esfera girando. Alguém sentado na borda de um gigantesco disco plano girando terá a mesma visão de alguém deitado na direção norte/sul e na latitude de 0°, ou seja, em algum lugar na linha do equador da Terra. Mudar a latitude do observador equivale a reclinar o observador sentado no disco. Um observador deitado em um polo da Terra (90º latitude norte ou sul) tem a mesma visão de um observador deitado no disco: eles estão olhando diretamente para o centro de rotação – o polo celeste – e todos os objetos descrevem trajetórias aparentes que são círculos concêntricos cujo centro é o polo.
Como uma imagem costuma valer mais que mil palavras, veja isso (clique em “Play” para ver a animação):
Uma coisa é saber. Outra é ver. A percepção do giro estelar aparente é esvaziada pela lentidão do movimento de rotação da Terra – 1 volta em 24 horas. Mas técnicas fotográficas como time-lapse e trailing star permitem uma experiência bastante real da rotação e, em geral, são imagens com grande apelo visual.
Será então que um vídeo vale por mil fotos?
Abaixo, algumas dessas imagens: