Fotos que contam histórias

Spathi
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Miragem lunar

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Um navio transportando a lua?

As noites em que é possível ver a lua cruzando a linha do horizonte ao nascer são especiais. É exatamente nesse instante que ocorrem algumas miragens que mudam a aparência da lua e uma delas pode ser vista nessa imagem: o achatamento vertical do disco lunar.

Lua cheia

A Lua cheia surgindo no entorno da Serra do Caparaó.
12-mai-2014, nascer da Lua, 95,5% iluminada.

12-mai-2014, nascer da Lua, 95,5% iluminada.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

Enquanto a Terra gira…


Pode parecer chuva, mas os traços brilhantes que vemos nessa imagem são de estrelas!

É claro, o movimento rápido vem da sobreposição de 3 fotos e os riscos com caudas não são apenas de uma simples foto. Embora exista alguma produção nisso, a essência do efeito reside no movimento aparente das estrelas.

Todos sabemos que a Terra gira, mas qual é o resultado disso sobre as estrelas do firmamento? A resposta rápida é: elas giram! Já de que forma o fazem, bem, isso poderá surpreender alguns.

Imagine que você esteja sentando sobre a borda de um gigantesco disco girando e que os objetos observáveis estão suficientemente longe de você. Tudo parecerá girar sobre você exatamente no sentido contrário ao do seu próprio giro. Mas se olhar para o ponto mais alto sobre sua cabeça, ele lhe parecerá fixo! O mesmo ocorre para o ponto diametralmente oposto, embaixo de você. Estes são os polos, determinados pelo eixo de rotação do disco em que está.

Notará também que os objetos perto de um polo parecerão descrever círculos cujo centro é esse polo. E quanto mais afastado do polo, maior será esse círculo. Já os objetos que estão na linha do seu horizonte (90º dos polos) parecerão girar em torno de você, afinal, em um espaço tridimensional o seu giro o coloca sob uma perspectiva de um mundo esférico ao seu redor. Transcendendo um pouco a noção de que círculos e seus centros estão em planos, os objetos do “mundo esférico” que você observa em seu gigantesco disco girante parecem todos girar em torno dos polos!

É claro que a percepção de que o polo é o centro será mais forte para os objetos perto dele, ou seja, para os objetos do mesmo hemisfério desse polo. Partindo de um polo ao outro, o círculo aumenta até um máximo para objetos na divisão dos hemisférios (linha do horizonte, 90º dos polos) para então voltar a diminuir até chegar ao outro polo.

Esta é uma analogia do que acontece com você ao olhar para as estrelas. A principal diferença é que a Terra não é um gigantesco disco plano girando, mas praticamente uma gigantesca esfera girando. Alguém sentado na borda de um gigantesco disco plano girando terá a mesma visão de alguém deitado na direção norte/sul e na latitude de 0°, ou seja, em algum lugar na linha do equador da Terra. Mudar a latitude do observador equivale a reclinar o observador sentado no disco. Um observador deitado em um polo da Terra (90º latitude norte ou sul) tem a mesma visão de um observador deitado no disco: eles estão olhando diretamente para o centro de rotação – o polo celeste – e todos os objetos descrevem trajetórias aparentes que são círculos concêntricos cujo centro é o polo.

Como uma imagem costuma valer mais que mil palavras, veja isso (clique em “Play” para ver a animação):

Trajetória aparente das estrelas próximas ao polo sul celeste. Alpha e Beta Centauri, Cruzeiro-do-Sul, Canopus e outras estão visíveis.

Esse é o rastro deixado pelas estrelas próximas ao polo sul celeste em um intervalo de aproximadamente 1h30min. As estrelas giram no sentido horário, contrário ao da Terra. O arco mais próximo do polo sul celeste, portanto o menor que aparece nessa foto, é da estrela Sigma Octans, considerada a “estrela polar” do hemisfério sul (na foto, posição de ~7h em relação ao polo). Sigma Octans é uma estrela fraca e não está tão próxima do polo, logo, ela não é uma referência como é a estrela polar do hemisfério norte, chamada Polaris.

Uma coisa é saber. Outra é ver. A percepção do giro estelar aparente é esvaziada pela lentidão do movimento de rotação da Terra – 1 volta em 24 horas. Mas técnicas fotográficas como time-lapse e trailing star permitem uma experiência bastante real da rotação e, em geral, são imagens com grande apelo visual.

Será então que um vídeo vale por mil fotos?

Esse aí deve valer. Foram utilizadas aproximadamente mil fotos para sua elaboração, feitas em duas noites. Além das estrelas, as fotos captaram a Lua, Júpiter, Vênus, satélites, flares (Iridium?), aviões, navios, barcos e alguns “objetos” que ficaram sem identificação.

Abaixo, algumas dessas imagens:

Lua, Parte brilhante da Via-Lactea (direita),  Scorpius (a grande constelação do Escorpião  dominando a imagem com Alpha Sco, a gigante vermelha Antares no centro da imagem)

Lua, Parte brilhante da Via-Lactea (direita), Scorpius (a grande constelação do Escorpião dominando a imagem com Alpha Sco, a gigante vermelha Antares no centro da imagem)

Orion e M42 nebula (em cima da torre), Jupiter (o mais brilhante, centro-direita).

Orion e M42 nebula (em cima da torre), Jupiter (o mais brilhante, centro-direita).

Pleiades, Taurus, Perseus

Pleiades, Taurus, Perseus

Centaurus (Alpha e Beta), Crux (Cruzeiro-do-Sul), Saco de Carvão (a região mais escura da foto, do lado esquerdo do Cruzeiro e quase do tamanho deste),  Carinae nebula (a região mais brilhante da foto)

Centaurus (Alpha e Beta), Crux (Cruzeiro-do-Sul), Saco de Carvão (a região mais escura da foto, do lado esquerdo do Cruzeiro e quase do tamanho deste), Carinae nebula (a região mais brilhante da foto)

"Stars-Trail", Gemini (Gêmeos), Jupiter (o traço mais brilhante), Capella (Alpha Auriga, traço brilhante mais a esquerda)

“Stars-trail”, Gemini (Gêmeos), Jupiter (o traço mais brilhante), Capella (Alpha Auriga, traço brilhante mais a esquerda)

"Stars-trail", Orion (em cima da torre), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita)

“Stars-trail”, Orion (em cima da torre), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita)

"Stars-Trail", Sirius (traço brilhante, no alto centro-esquerda), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita, tocando a árvore)

“Stars-Trail”, Sirius (traço brilhante, no alto centro-esquerda), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita, tocando a árvore)

"Stars-Trail", Pleiades, Satélite (tracejado, diagonal superior-direita/inferior-esquerda, polo norte celeste está 20º "embaixo da terra")

“Stars-Trail”, Pleiades, Satélite (tracejado, diagonal superior-direita/inferior-esquerda, polo norte celeste está 20º “embaixo da terra”)

"Stars-Trail", Lua (superior-esquerda), satélite (tracejado, diagonal direita), "flare" (Iridium?, centro-superior), navios (horizonte)

“Stars-Trail”, Lua (superior-esquerda), satélite (tracejado, diagonal direita), “flare” (Iridium?, centro-superior), navios (horizonte)

"Stars-Trail", Polo sul celeste, avião (tracejado, direita)

“Stars-Trail”, Polo sul celeste, avião (tracejado, direita)

Estrela D'Alva (Vênus em crescente, note o intenso brilho clareando a borda da nuvem), Alvorada

Estrela D’Alva (Vênus em crescente, note o intenso brilho clareando a borda da nuvem), Alvorada

Continuidade

Dois cometas e as estrelas

A campanha para registrar a passagem do C/2012 S1 (ISON) continua e, no caminho, passamos por outro cometa, um planeta e as estrelas.

Doze de novembro de 2013 e S1, que há dez dias cruzou a órbita da Terra, agora cruza a órbita de Vênus. Cerca de 40 milhões de quilômetros em 10 dias. Segue acelerando. Os próximos 40 milhões fará em 8 dias e 4 dias depois deixará para trás a órbita de Mercúrio: entre S1 e Sol, mais nenhum planeta. Será então 24-nov-2013.

O cometa vê em sua frente um Sol 3,3 maior e fervendo 11 vezes mais forte que aqui na Terra. Um ambiente bem tranquilo, se considerarmos o que lhe espera. Deste ponto, apenas 4 dias separam S1 de sua máxima aproximação do Sol, o periélio.

Vinte e oito de novembro de 2013, 18:37 TT (~UTC). O Sol irradia 6,4 mil vezes mais forte que em nosso planeta e, com um diâmetro de 40º, parece 77 vezes maior que o que vemos aqui. Uma onda térmica avança da superfície para o centro do cometa, tentando elevar sua temperatura para a casa de quase 3 mil graus Celsius. Nesse ambiente hostil, S1 brilhará furiosamente, volatizando o material que resistiu até aqui.

Durante ~1 hora o pequeno S1, estimado entre 2 km a 200 m de raio, contornará o Sol a quase 400 km/s em uma frenética corrida para a sobrevivência. Mas o objeto de bilhões de anos pode deixar de existir durante essa curta visita.

S1 não está gravitacionalmente preso ao gigante ao seu lado. Sua órbita é hiperbólica, indicando que é um visitante de fora do sistema solar, veio das estrelas e, se sobreviver, retornará para as estrelas. Certamente não sem levar as marcas de que esteve por aqui.

C/2012-S1 (ISON), 12-nov-2013 ~ 5:00 h (15 a 20º acima do horizonte – alvorada)., 51stackstars, 2 seg., ISO 6400, Tele 300mm, sem rastreamento.

Idem, ampliação-1

Idem, ampliação-2

Nesta mesma noite, o cometa C/2013 R1 (Lovejoy) mostrava-se mais brilhante que o S1.

C/2013-R1 (Lovejoy), 12-nov-2013 4:00~4:50 h. (27 a 34º acima do horizonte), 50stackstars, 2 seg., ISO 6400, Tele 300mm, sem rastreamento.

Idem, ampliação-1

9stackstars (“stack nas estrelas”).

Enquanto aguardava pelos cometas:

Júpiter

Júpiter e suas luas galileanas: Io, Europa, Ganymede e Callisto

Urano, exatamente no centro da imagem, em Peixes.

Plêiades.

Carina nebula, asterismo, aglomerados abertos.

47-Tucanae, aglomerado globular.

M42, nebulosa de Orion.

Lua e Vênus

Um belo par no céu do dia 8 de setembro.

Por essas bandas, a Lua quase encobriu Vênus pouco antes das 20 horas. Foi uma conjunção muito próxima, mas em outras partes do globo houve, de fato, uma ocultação. As fotos registram a conjunção aproximadamente uma hora antes da máxima aproximação, quando Vênus ainda estava pouco mais de meio grau acima da Lua. Por volta de 19:40 h., Vênus passou a menos de 0,1 º da borda direita da Lua.

Vênus percorre atualmente o céu pós-ocaso. É quando é conhecido como estrela Vésper. Quando surge no céu da madrugada ele muda de nome e passa a chamar-se estrela d’Alva. A estrela Vésper se transformará em estrela d’Alva entre a última semana desse ano e a terceira semana de janeiro de 2014.

Enquanto isso, Vênus, que já está visível durante o dia (isso mesmo, de dia!), aumentará ainda mais seu brilho até dezembro desse ano.

Lua ocultando Júpiter

Esse vídeo ficou esquecido em meio aos meus arquivos. Foi feito em 25-dez-2012, por volta das 20:50 h. (Horário de Verão). O alinhamento entre a Terra, Lua e Júpiter foi suficiente para provocar a ocultação desse último, mas somente em algumas partes do globo (mapa)

Esta foi a segunda de três ocultações seguidas visíveis (ao menos em parte) no Brasil: 28-nov-2012, 25-dez-2012 e 22-jan-2013.

O vídeo foi registrado apenas com o zoom da câmera, uma SONY-HDR-XR150 (zoom 25x).

Visitante longínquo

De 20 de fevereiro até 07 de março deste ano (2013) teremos nova oportunidade de acompanhar a passagem de um cometa. É uma janela aproximada, para quem encontrar-se em latitudes ao redor dos 20 º sul. Durante esses dias, pegue uma cadeira e acompanhe o por do Sol até pouco antes do início da noite: um cometa estará ligeiramente a esquerda do local onde o Sol se esconde.

Trata-se do C/2011 L4 PANSTARRS. Embora previsão de brilho de cometas seja matéria conhecidamente pouco confiável, os melhores números das tábuas apontam para valores perto de magnitude zero. Isso é mais brilhante que a Estrela de Magalhães, a Acrux (o “pé” do Cruzeiro do Sul), o que justifica o burburinho que anda causando nos fóruns de astronomia. Já o verdadeiro alvoroço fica por conta do C/2012 S1 ISON (novembro/2013), cuja previsão de brilho é realmente impressionante, mas deixemos isso para mais adiante.

L4 hoje já é um objeto passível de ser visto a olho nu durante os últimos instantes da madrugada e início do alvorecer. Não permanecerá aí por muito tempo, pois já está mergulhando na claridade da manhã e fazendo sua transição do céu da madrugada para o céu do entardecer. As fotos abaixo mostram o que pude conseguir debaixo da grande poluição luminosa da cidade.

Essa foto é uma composição de duas imagens. As contas em forma de colar formada pelas estrela no alto da foto é a constelação Corona Australis, a Coroa Austral. Fácil notar a dificuldade de se encontrar algo com magnitude em torno de 5 quando a poluição luminosa reina. Por acaso, as luzes de um avião deixaram um linha que indica a posição aproximada do cometa. Aumentar o contraste da foto parece não ajudar muito:

Um recorte, ampliando e invertendo a imagem, mostra o L4 (indicado no círculo).

Abaixo, composições de 4 e 3 imagens, respectivamente. Nota-se que, além da poluição luminosa, algumas nuvens também contribuiram para dificultar o registro.

Legendas:

O final da noite trouxe outro alvo difícil de ser fotografado: A Lua em seu último dia de minguante, com apenas 1,3 % da superfície visível iluminada.

Em outro acaso, a ISS (International Space Station) também surgiu e deixou registrada sua passagem, um traço no canto inferior esquerdo da foto seguinte:

Alvorada

Reverências ao novo dia…

Lua e Vênus