Fotos que contam histórias

Spathi

Rolinha (Columbina talpacoti) – ninho

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Sicalis flaveola, o canário da terra

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O voo do pássaro


Creio tratar-se de um Tyrannus.

As cores de um colibri


Você observou o que aconteceu quando o colibri girou (00:44)?. Isso mesmo, suas cores pálidas de repente deram lugar a um verde metálico brilhante, motivo pelo qual esse colibri, o Amazilia fimbriata, é chamado de Beija-flor-de-garganta-verde.

Interessante mesmo é saber que essa cor não vem de um pigmento ou simples reflexo…

Este fenômeno é chamado de iridescência. As superfícies iridescentes apresentam cores que variam segundo o ângulo de incidência da luz.

Assim como ocorre em outros tantos cantos da natureza, das borboletas aos besouros, de conchas, penas de colibri e até bolhas de sabão, a iridescência tem por base um efeito chamado interferência. Essa é apenas uma das belas e intrigantes propriedades que caracterizam a luz que, nesse caso, se comporta uma onda que se propaga e pode interferir com seus pares.

Funcionando como verdadeiros instrumentos naturais, insetos, aves e até plantas há muito desnudam cores que a ciência só veio compreender muito recentemente.

Alguns nomes que passaram por esse tema foram Robert Hook, Isaac Newton, Thomas Young, Augustin Fresnel, James Maxwell e Heinrich Hertz. Há dois séculos a humanidade ainda criava a teoria ondulatória da luz, trazendo assim os elementos necessários ao entendimento da interferência. Há pouco mais de 50 anos, microscópios eletrônicos investigaram pela primeira vez a estrutura das asas de borboletas. Aqui, a iridescência era resultado de finas estruturas promovendo a interferência dos feixes de luz que emergiam delas.

Essa mesma luz que exibe características tão marcadamente ondulatórias, hoje abriga-se debaixo do duplo conceito onda-partícula. Bem, mas isso já é outra história…

Iridescência en penas do colibri (Passe o mouse sobre a foto)
Iridescência em Paua Abalone (Passe o mouse sobre a foto)


Eupetomena macroura, o colibri-tesoura.


Referência externa:
Interferência
Filme-fino

Iridescência

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Papa-mosca, o Salticidae



Encontrei essa aranha caçando sobre algumas mudas novas. Até tentei usar a mesma ideia de “congelamento” da borboleta Leptotes na esperança de observar o seu salto, mas foi em vão.

A aranha é um artrópode, mas não pertence a classe dos insetos (Insecta) e sim dos aracnídeos (Arachnida). O papa-mosca pertence à família Salticidae, o que já dá uma ideia da sua maior especialização: o salto. A evolução levou esses seres a executá-los de maneira tão ágil e veloz que nossa visão não os acompanha. Creio que o indivíduo dessas imagens seja um Hasarius sp. (provavelmente uma fêmea).

Pude constatar que até mesmo equipamentos mais sofisticados também não são páreo para registrar adequadamente um salto do papa-mosca. De fato, mesmo uma mosca sucumbe à tamanha velocidade. Veja abaixo a tentativa do registro:


A asa da borboleta – Leptotes cassius

A Cassius azul é uma pequena borboleta que ocorre em grande parte do continente americano. Quando pousam, mantém suas asas fechadas e, nessa posição, seu tamanho pouco passa de um centímetro.

Apesar de pequenas, o contraste entre o branco e as manchas escuras de suas asas atraem o olhar. O mosaico das manchas lembram listras, que aparecem também bem marcadas no abdome e antenas. Mas quando a pequena se lança em voo, tons azulados parecem juntar-se ao branco e preto. Digo parecem porque seu voo é tão rápido que é quase impossível acompanhá-lo e mais difícil ainda ver suas cores.

Abaixo, uma Leptotes cassius em sua postura habitual:

E aqui, o vento brevemente desnudou uma pequena parte da superfície dorsal da asa, onde se vê tons arroxeados:

Bem, conseguir ver toda a superfície dorsal seria um bom passo para tentar identificar o gênero da pequena borboleta, até então desconhecido. Fazer fotos em pleno voo e contar apenas com a sorte para que alguma saísse com as asas abertas não parece promissor, a não ser que conseguisse fazer muitas fotos por segundo…

Como isso é exatamente o que faz uma filmadora, então esse parece ser um bom caminho a seguir. Uma filmadora que capture em NTSC faz 30000 quadros em 1001 segundos (~30 quadros por segundo). Mas cada quadro é formado por duas imagens distintas (campos entrelaçados, metade da resolução), o que nos dá ~60 fotos por segundo. Nada mal!

Mas 1/60 s não parece ser um bom tempo de exposição para algo tão rápido quanto o bater das asas de uma borboleta. Teríamos que pensar em 1/500 s ou menos. Filmadoras com bons recursos permitem ajustes de velocidade de obturador. Quando esse não é o caso, talvez possa contar com o ajuste automático da filmadora e inundar o ambiente de luz na expectativa de que ela reduza a exposição. E não é que funcionou?!

A filmagem original, redimensionada. Note o entrelaçamento dos campos (linhas horizontais na imagem):



Transformando os campos em quadros (separar os campos, redimensionar para manter o aspecto), o vídeo passará a ter o dobro de quadros do original. Se mantivermos a mesma taxa de quadros do original (30000/1001 fps), teremos agora um slowmotion (redução de 50% da velocidade original):

Um trecho do mesmo vídeo acima, apresentado em 3 quadros por segundo (~1/20 da velocidade do original):

Nossa estratégia surtiu efeito. Observe que em três momentos a Cassius azul foi capturada com as asas abertas. Isolando um desses quadros, temos nosso instante desejado:

De posse dessas imagens e dos infindáveis recursos da internet, temos nossa identificação: é uma Leptotes cassius fêmea (Cassius Blue, Tropical Striped Blue). Se fosse um macho, teríamos um azul mais marcante na face dorsal.


Libélula (donzelinha)

Há seis meses, quase noite, encontrei uma delicada libélula pousada em um pequeno ramo de roseira.

Quando não sabemos se o que queremos fotografar ainda estará lá para uma segunda ou mais exposições, em geral as fotos iniciais são apenas para termos algum registro do momento. A idéia é começar com fotos de longe, para não espantar o precioso motivo, ainda mais quando esse tem asas!

E essa foi tão rápida que a segunda foto mostrou apenas o ramo da roseira. Fiquei apenas com a primeira foto que, bem, não passou mesmo de um registro…

Seis meses depois, já nos avançados momentos do entardecer, vejo o voo sorrateiro da libélula que, passando sobre a superfície de água do aquário, procura a ponta de um ramo qualquer, talvez para pernoitar.

Impressiona a precisão do trajeto. Linear. Calmo. A fraca luz, a água, o puro negro recortado por verde e azul da libélula em seu voo silencioso. Um instante de perfeição. O desejo de fotografar não é inadiável.

Às vezes o que precisamos é apenas aguardar.


O ângulo da foto (perfil) gerou um efeito curioso sobre os olhos da libélula, que mesmo sendo grandes passam despercebidos. A linha que separa a coloração preto/verde atravessa horizontalmente a região dos olhos quase pelo meio. Se observar bem, o olho esquerdo da libélula aparece como uma “gota” (desfocada) cuja metade superior é preta e a inferior é verde.

É uma Ischnura sp., ordem Odonata – compreende as libélulas (Epiprocta“dragonflies”) e “donzelinhas” (Zygoptera “damselflies”) – família Coenagrionidae. Dentre as diferenças, as donzelinhas são menores, possuem os olhos separados e assumem a postura com as asas junto ao abdome quando pousadas.

Avançando um pouco mais, considero tratar-se de um macho da espécie Ischnura capreolus.

Mais:

Biodiversity and Ecosystem Informatics Lab, University of Massachusetts

Dados

Macho
Fêmea

Foto (macho):

Voar é com as borboletas

Já faz um ano. Uma velha conhecida voltou a rondar as flores da Senna.

É o final do outono.

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A postura de um gafanhoto

É difícil que se passe um minuto sem que algo notável aconteça ao redor.
As chances aumentam quando o verde está por perto. Mesmo que seja escasso.

Algo um pouco maior voou e chamou a atenção. Um pequeno espetáculo teria início. Quando peguei a câmera para acompanhar, não fazia a menor do idéia do que observaria…

Pousado em uma roseira, lá estava um enorme gafanhoto.
Visto assim, passa despercebido que falta-lhe uma perna: o grande fêmur esquerdo que usa para saltar.

Engraçado como muitos insetos promovem uma balançar junto com o vento. Mimetizam assim o comportamento das folhas. Mas esse estava meio inquieto e logo começou a descer pelo ramo principal da roseira. Tarefa um tanto atrapalhada, talvez pela ausência de uma das pernas.

Ficou claro que estava tentando algo quando desceu até o solo do vaso. Rapidamente, começou a escavar o solo com a parte terminal do abdome. O gafanhoto é uma fêmea. E estava cumprindo a tarefa de perpetuar a espécie através da postura.

Não demorou muito para parecer enterrar-se.




Após a postura, a fêmea deixa o ninho lacrado.


E sobe para uma “pequena” refeição antes de partir.

Se tiver a mesma sorte, talvez consiga registrar a eclosão de muitos mini-gafanhotos…

Será um Schistocerca?

Tem semelhanças (veja Schistocerca cancellata e também o padrão no final da asa do Schistocerca americana). Se assim for, este é o mesmo gênero dos gafanhotos da oitava praga do Egito (Êxodo).

Breve, colocarei aqui o link para um vídeo onde registrei grande parte da oviposição.


A visita do polinizador “rei”

Bastou a Senna abrir as primeiras flores do ano para que um dos mais famosos polinizadores surgisse com suas visitas constantes.

Não são apenas famosos. São importantes polinizadores de várias espécies. Do maracujá é o principal.

Se procurar bem, poderá ver ainda ao menos dois outros insetos escondidos entre folhas e flores. Essa é a planta que uma certa borboleta amarela (Phoebis sennae) escolhe para perpetuar sua espécie. Lembra?





Essas abelhas chegam fazendo alarde, zumbindo alto e provocando um certo receio. Não costumam atacar, mas não hesitarão em ferroar quando se sentirem ameaçadas.

Ao pousar na flor, promovem uma intensa vibração e zumbido que faz voar uma bem visível nuvem de pólen ao seu redor. Garantem assim a geração das futuras sementes.