Fotos que contam histórias

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Natureza

Arco-íris

Nascer da Lua

Miragem lunar

Clique na seleção para zoom.

Um navio transportando a lua?

As noites em que é possível ver a lua cruzando a linha do horizonte ao nascer são especiais. É exatamente nesse instante que ocorrem algumas miragens que mudam a aparência da lua e uma delas pode ser vista nessa imagem: o achatamento vertical do disco lunar.

O pôr do sol e a baía de Vitória

Pôr do sol, Convento da Penha e Vitória, visto do Morro do Moreno. Use a roda do mouse para zoom.

Perfil da Serra do Caparaó

A Serra do Caparaó abriga alguns dos mais altos picos do Brasil.

Seu ponto culminante é o Pico da Bandeira, com seus 2.892 metros. É a terceira montanha mais alta do país e está apenas 102 metros abaixo do Pico da Neblina, que é nossa montanha mais alta.

A Serra do Caparaó é uma ramificação da Serra da Mantiqueira. Encravada na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a elevada altitude dessa cadeia de montanhas destaca-se consideravelmente do relevo adjacente. Quem já circulou por essa região provavelmente já ouviu histórias de que de muito longe se pode avistar o Pico da Bandeira. De fato, isso não seria de se espantar.

Encontrar um bom local para provar essa tese, aí já são outros quinhentos. De maneira geral, a rodovia (BR-262, ES-482) não oferece bons pontos de visada. Em Pedra Azul, conhecido ponto turístico no ES, a coisa muda de figura.

Veja você mesmo:

Serra do Caparaó vista da região de Pedra Azul, a 80 Km de distância.

Serra do Caparaó vista da região de Pedra Azul, a 80 Km de distância. Crédito: Claudia Musso

Esta foto do poente mostra toda a imponência da Serra do Caparaó. Ela é a cadeia de montanhas em tons mais claros e está a nada menos que 80 Km de distância!

Abaixo, a Serra em detalhes e com uma superposição de uma imagem digital gerada pelo programa de projeção de relevos do Google Earth.


Serra do Caparaó em superposição com projeção digital de relevos do Google Earth. Crédito: Claudia Musso

Falta ainda saber se é mito ou verdade que do Pico da Bandeira é possível ver o mar…

links externos:
Google Maps – Serra do Caparaó
Projeto Pontos Culminantes do Brasil
Google Earth

As duas Novas estrelas de 2013

Em 02-dez-2013, um astrônomo amador localizou no céu austral uma estrela sobre a qual nenhum registro existia. O australiano John Seach observou o surgimento do que se chama uma Nova, estrela que aumenta repentinamente de brilho ao capturar massa da estrela companheira, em um sistema binário.

A estrela surgiu na constelação do Centauro, daí seu nome Nova Cen 2013. Ela já existia, mas seu brilho extremamente baixo antes do evento Nova não permitia sua detecção. O que chamou muita atenção sobre essa Nova é que o aumento de brilho foi suficiente para torná-la um objeto facilmente observável a olho nú.

Ainda mais raro, em 2013 essa foi a segunda Nova passível de ser vista a olho nu, pois em 14-ago-2013 outro astrônomo amador, o japonês Koichi Itagaki, observou evento semelhante na constelação do Delphinus, com a Nova Del 2013, embora o brilho máximo atingido tenha sido bem menor que o da Nova Centauri 2013.

Observando as últimas fotos do céu que registrei, notei que a Nova Cen ainda aparece como uma estrela muito fraca (magnitude estimada entre 7.6 e 8.1), longe do alcance da vista desarmada mas ainda detectável para os sensores das atuais câmeras digitais. Apesar disso, talvez o registro não tivesse sido possível em céus com alta poluição luminosa.

A Nova Cen 2013 ainda brilha em nosso céu, 8 meses depois do evento que a tornou conhecida. Veja abaixo a sua evolução nesse período:

Evolução da Nova Cen 2013. Observe que a poluição luminosa dos locais onde os registros foram feitos eram muito diferentes,
gerando exposição e pós-processamento das imagens também distintos.

Nova Cen 2013 fotografada em 25-jan-2014 e 16-jul-2014. A magnitude de um grupo de estrelas próximas permite estimar o brilho da Nova Cen.
Use o par de maior brilho para janeiro e o de menor brilho para julho.

Deixo aqui também o registro da Nova Delphinus 2013:

Nova Del 2013, fotografada em 18-ago-2013.

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Nova Del 2013, no centro da imagem, fotografada em 18-ago-2013.

links externos (em inglês):
Nova Centauri 2013
Nova Delphini 2013
O que é uma Nova?

Via-láctea

Parte da Via-Lactea. Dentre outras, vemos: Alpha Centauri, Omega Centauri e Cruzeiro do Sul.

Use a roda do mouse para zoom.

Oeste. Marte, Saturno e algumas constelações.

Use a roda do mouse para zoom.


Esse é o céu de Limo Verde. Por enquanto ainda está dando para brincar.

Observando mais atentamente a primeira foto e comparando com fotos que fiz em dez-2013 sob um céu nada favorável, pude constatar que a Nova Centauri 2013 (link externo: Nova Cen 2013) ainda aparece nessa foto.

É um registro feito quase oito meses após ter sido detectada, em 02-dez-2013.

Veja os detalhes aqui: As duas Novas estrelas de 2013

PARNA Caparaó, zona de amortecimento (ZA)

Lua cheia

A Lua cheia surgindo no entorno da Serra do Caparaó.
12-mai-2014, nascer da Lua, 95,5% iluminada.

12-mai-2014, nascer da Lua, 95,5% iluminada.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

14-mai-2014, nascer da Lua cheia.

Vênus, a estrela d’Alva

Vênus, em 26-jan-2014.

Vênus, em 26-jan-2014, 15 dias após a conjunção inferior.

Vênus, em 26-jan-2014, através de um binóculo 12x50 + tele 300mm.

Vênus, em 26-jan-2014, através de um binóculo 12×50 + tele 300mm.

Pico do Itabira, foto panorâmica.



Pico do Itabira, Cachoeiro de Itapemirim

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Enquanto a Terra gira…


Pode parecer chuva, mas os traços brilhantes que vemos nessa imagem são de estrelas!

É claro, o movimento rápido vem da sobreposição de 3 fotos e os riscos com caudas não são apenas de uma simples foto. Embora exista alguma produção nisso, a essência do efeito reside no movimento aparente das estrelas.

Todos sabemos que a Terra gira, mas qual é o resultado disso sobre as estrelas do firmamento? A resposta rápida é: elas giram! Já de que forma o fazem, bem, isso poderá surpreender alguns.

Imagine que você esteja sentando sobre a borda de um gigantesco disco girando e que os objetos observáveis estão suficientemente longe de você. Tudo parecerá girar sobre você exatamente no sentido contrário ao do seu próprio giro. Mas se olhar para o ponto mais alto sobre sua cabeça, ele lhe parecerá fixo! O mesmo ocorre para o ponto diametralmente oposto, embaixo de você. Estes são os polos, determinados pelo eixo de rotação do disco em que está.

Notará também que os objetos perto de um polo parecerão descrever círculos cujo centro é esse polo. E quanto mais afastado do polo, maior será esse círculo. Já os objetos que estão na linha do seu horizonte (90º dos polos) parecerão girar em torno de você, afinal, em um espaço tridimensional o seu giro o coloca sob uma perspectiva de um mundo esférico ao seu redor. Transcendendo um pouco a noção de que círculos e seus centros estão em planos, os objetos do “mundo esférico” que você observa em seu gigantesco disco girante parecem todos girar em torno dos polos!

É claro que a percepção de que o polo é o centro será mais forte para os objetos perto dele, ou seja, para os objetos do mesmo hemisfério desse polo. Partindo de um polo ao outro, o círculo aumenta até um máximo para objetos na divisão dos hemisférios (linha do horizonte, 90º dos polos) para então voltar a diminuir até chegar ao outro polo.

Esta é uma analogia do que acontece com você ao olhar para as estrelas. A principal diferença é que a Terra não é um gigantesco disco plano girando, mas praticamente uma gigantesca esfera girando. Alguém sentado na borda de um gigantesco disco plano girando terá a mesma visão de alguém deitado na direção norte/sul e na latitude de 0°, ou seja, em algum lugar na linha do equador da Terra. Mudar a latitude do observador equivale a reclinar o observador sentado no disco. Um observador deitado em um polo da Terra (90º latitude norte ou sul) tem a mesma visão de um observador deitado no disco: eles estão olhando diretamente para o centro de rotação – o polo celeste – e todos os objetos descrevem trajetórias aparentes que são círculos concêntricos cujo centro é o polo.

Como uma imagem costuma valer mais que mil palavras, veja isso (clique em “Play” para ver a animação):

Trajetória aparente das estrelas próximas ao polo sul celeste. Alpha e Beta Centauri, Cruzeiro-do-Sul, Canopus e outras estão visíveis.

Esse é o rastro deixado pelas estrelas próximas ao polo sul celeste em um intervalo de aproximadamente 1h30min. As estrelas giram no sentido horário, contrário ao da Terra. O arco mais próximo do polo sul celeste, portanto o menor que aparece nessa foto, é da estrela Sigma Octans, considerada a “estrela polar” do hemisfério sul (na foto, posição de ~7h em relação ao polo). Sigma Octans é uma estrela fraca e não está tão próxima do polo, logo, ela não é uma referência como é a estrela polar do hemisfério norte, chamada Polaris.

Uma coisa é saber. Outra é ver. A percepção do giro estelar aparente é esvaziada pela lentidão do movimento de rotação da Terra – 1 volta em 24 horas. Mas técnicas fotográficas como time-lapse e trailing star permitem uma experiência bastante real da rotação e, em geral, são imagens com grande apelo visual.

Será então que um vídeo vale por mil fotos?

Esse aí deve valer. Foram utilizadas aproximadamente mil fotos para sua elaboração, feitas em duas noites. Além das estrelas, as fotos captaram a Lua, Júpiter, Vênus, satélites, flares (Iridium?), aviões, navios, barcos e alguns “objetos” que ficaram sem identificação.

Abaixo, algumas dessas imagens:

Lua, Parte brilhante da Via-Lactea (direita),  Scorpius (a grande constelação do Escorpião  dominando a imagem com Alpha Sco, a gigante vermelha Antares no centro da imagem)

Lua, Parte brilhante da Via-Lactea (direita), Scorpius (a grande constelação do Escorpião dominando a imagem com Alpha Sco, a gigante vermelha Antares no centro da imagem)

Orion e M42 nebula (em cima da torre), Jupiter (o mais brilhante, centro-direita).

Orion e M42 nebula (em cima da torre), Jupiter (o mais brilhante, centro-direita).

Pleiades, Taurus, Perseus

Pleiades, Taurus, Perseus

Centaurus (Alpha e Beta), Crux (Cruzeiro-do-Sul), Saco de Carvão (a região mais escura da foto, do lado esquerdo do Cruzeiro e quase do tamanho deste),  Carinae nebula (a região mais brilhante da foto)

Centaurus (Alpha e Beta), Crux (Cruzeiro-do-Sul), Saco de Carvão (a região mais escura da foto, do lado esquerdo do Cruzeiro e quase do tamanho deste), Carinae nebula (a região mais brilhante da foto)

"Stars-Trail", Gemini (Gêmeos), Jupiter (o traço mais brilhante), Capella (Alpha Auriga, traço brilhante mais a esquerda)

“Stars-trail”, Gemini (Gêmeos), Jupiter (o traço mais brilhante), Capella (Alpha Auriga, traço brilhante mais a esquerda)

"Stars-trail", Orion (em cima da torre), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita)

“Stars-trail”, Orion (em cima da torre), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita)

"Stars-Trail", Sirius (traço brilhante, no alto centro-esquerda), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita, tocando a árvore)

“Stars-Trail”, Sirius (traço brilhante, no alto centro-esquerda), Jupiter (traço mais brilhante da foto, centro-direita, tocando a árvore)

"Stars-Trail", Pleiades, Satélite (tracejado, diagonal superior-direita/inferior-esquerda, polo norte celeste está 20º "embaixo da terra")

“Stars-Trail”, Pleiades, Satélite (tracejado, diagonal superior-direita/inferior-esquerda, polo norte celeste está 20º “embaixo da terra”)

"Stars-Trail", Lua (superior-esquerda), satélite (tracejado, diagonal direita), "flare" (Iridium?, centro-superior), navios (horizonte)

“Stars-Trail”, Lua (superior-esquerda), satélite (tracejado, diagonal direita), “flare” (Iridium?, centro-superior), navios (horizonte)

"Stars-Trail", Polo sul celeste, avião (tracejado, direita)

“Stars-Trail”, Polo sul celeste, avião (tracejado, direita)

Estrela D'Alva (Vênus em crescente, note o intenso brilho clareando a borda da nuvem), Alvorada

Estrela D’Alva (Vênus em crescente, note o intenso brilho clareando a borda da nuvem), Alvorada

Mar, foto panorâmica.

Continuidade

A desintegração do cometa C/2012 S1 (ISON)

Em 27-nov-2013 ~15:00 UTC, aproximadamente 27 horas antes do cometa “ISON” chegar ao ponto mais próximo do Sol, seu núcleo começou a entrar em colapso culminando com a desintegração do cometa que, agora, mostra-se apenas como uma nuvem de poeira.

Esse é o resumo do IAU (International Astronomical Union) sobre a saga do S1.

Uma frota de sondas espaciais acompanhava os eventos de vários ângulos, mas a SDO (Solar Dynamics Observatory), que detinha a melhor resolução, não foi capaz de registrar o cometa que já chegou ao seu campo de visão sem um núcleo ativo.

Abaixo, uma animação contendo 103 fotos da câmera LASCO C3 do SOHO (Solar and Heliospheric Observartory), entre 27-nov 02:30 UTC e 01-dez 08:30 UTC, mostra a drástica transformação de um cometa em uma nuvem de poeira.

Links externos:
CBET 3731 – IAU
ESA/NASA/SOHO

Vídeos:
CIOC – STEREO-A e B


LASCO C3 – 27-nov-2013 02:30 UTC / 01-dez-2013 08:30 UTC, intervalo ~1 hora; Crédito: ESA/NASA/SOHO


Observações:

Esta é a imagem obtida pelo coronógrafo do SOHO (aparelho usado para observar a coroa solar). O círculo azul central é usado para ocultar o Sol. A circunferência branca traçada nesse círculo indica a posição e tamanho do Sol e o traço escuro visto no primeiro quadrante é a haste que fixa esse círculo. Esta sonda faz uma órbita em torno de um ponto que fica entre a linha que une o Sol e a Terra, chamado de ponto L1 de Lagrange, que fica ~4 vezes mais distante da Terra que a Lua.

O Sol, oculto pelo disco, é o nada tranquilo objeto responsável pelas explosões que irradiam do centro – as chamadas CME’s (Coronal Mass Ejections).

O campo de estrelas que é visto ao fundo desloca-se à medida que a nave gira em torno do Sol, ~1 grau por dia. Como tem o mesmo período da Terra, o mesmo campo de estrelas tornará a surgir nas imagens após uma órbita, ou seja, um ano.

A estrela mais brilhante que aparece na metade inferior da imagem é Antares, alfa de Escorpião. Ela apresenta um traço horizontal (lembra o planeta Saturno) que é característico do sensor quando a luminosidade do objeto é acima de um dado valor. Esse mesmo traço surge também no cometa justamente durante o aumento do brilho que é tido como início da ruptura do núcleo (~15:00 UTC, 27-nov).

Os pequenos riscos e “chuviscos” que aparecem na imagem são provocados por partículas eletricamente carregadas quando atingem o sensor. Elas são provenientes principalmente do Sol.

Durante a desintegração, o núcleo deixa um rastro de detritos que aparece como um traço brilhante acima da cauda do cometa e que, ao contrário da cauda, marca muito precisamente a órbita traçada pelo cometa.

Três horas antes do periélio, o núcleo do cometa já não era mais ativo. Isto marca o fim da desintegração que, na imagem, acontece momentos antes de ser ocultado pelo disco.

A parte mais densa da nuvem de poeira que surge do outro lado do disco, após o periélio, segue a órbita original do cometa. O HST (Hubble Space Telescope) está programado para fotografar esse objeto em meados de dezembro.

S1-ISON no campo de visão da STEREO-A

As sondas STEREO-A e B, SOHO e SDO estão programadas para fotografar o cometa C/2012 S1 (ISON) durante a fase crítica de aproximação do Sol. Projetadas para estudar o Sol, as imagens de grande valor científico nem sempre têm o apelo visual que a fotografia amadora busca.

A STEREO-A acaba de divulgar suas primeiras imagens, uma curta animação que mostra o cometa entrando no campo de visão dos instrumentos: STEREO-A, S1 e 2P/Encke (www.isoncampaign.org – CIOC) [link externo].

Como se vê, S1 entra no campo pela borda esquerda. O cometa 2P/Encke, que também está na imagem, exibe o comportamento frenético da cauda quando esta interage com o vento solar.

É justamente agora, quando S1 sai do nosso alcance, que as sondas começam, uma a uma, a tê-lo no campo de visão de suas câmeras. Será possível acompanhar toda essa fase através da internet, quase em tempo real.

Abaixo, os registros que fiz em 21 e 22-nov durante outra breve oportunidade de céu claro. Talvez estes sejam os últimos, considerando que o cometa está nascendo dentro do amanhecer e a previsão é de tempo fechado por aqui.

Embora as fotos sugiram que o cometa estivesse razoavelmente fácil de se ver, a realidade nos conta que sua magnitude, que girava em torno de 4,xx, não foi suficiente para vislumbre à olho nu devido à baixa altura e um céu já claro pela início da alvorada. Durante toda a fase de aproximação, em nenhum momento pude observar o cometa sem o auxílio de binóculos.

Links externos:
ISON, Encke and Mercury – Karl Battams (CIOC)
UPDATE: New ISON and Encke Movie – Karl Battams (CIOC)
SOHO – Solar and Heliospheric Observatory (NASA)
SDO’s Comet ISON Perihelion Event Website (NASA)

Fotos:
21-nov, Juan Carlos Casado
21-nov, Gerald Rhemann

21-nov-2013, sete dias antes do periélio:

21-nov-2013 – 04:54 (06:54 UTC); 70mm – F/4, 1600 ISO – 3 seg., foto única, sem rastreamento. S1: 7º de altura; Sol: -12,7º de altura.

21-nov-2013 04:44~04:49 (06:44~06:49 UTC); 300mm – F/5.6, 6400 ISO – 41×1,3 seg. stack, sem rastreamento.

22-nov-2013, seis dias antes do periélio:

O processamento desse stack contendo 21 fotos envolveu um bom trabalho manual, pois o número de estrelas necessário para o alinhamento automático pelo software (DSS – Deep Sky Stacker [link externo]) era insuficiente. Observe que chega a ser possível identificar estruturas na cauda do cometa. Compare com uma foto do mesmo dia feita por Pete Lawrence [link externo], um stack de 35 x 30 segundos (longo tempo de exposição implica em equipamento com rastreamento).

Considerando condições desfavoráveis como alta poluição luminosa, Lua e nuvens, é realmente interessante ver até onde se pode chegar com apenas câmera, tripé e o zoom de uma tele de 300mm (ou menos). Acoplar um sistema de rastreamento elevaria a qualidade dessas fotos a um outro patamar.

22-nov-2013 – 05:02 ~ 05:03 (07:02 ~ 07:03 UTC); 300mm – F/5.6, 6400 ISO – 21×1,3 seg. “stack”, sem rastreamento.

Idem, mostrando a cauda múltipla.

Outras fotos do dia 22-nov, mostrando a cidade e o cometa.

22-nov-2013 – 04:50 (06:50 UTC); 70mm – F/4, 6400 ISO – 4 seg., foto única, sem rastreamento. S1: 4,4º de altura; Sol: -13,5º de altura.

22-nov-2013 – 04:41 (06:41 UTC); 300mm – F/5.6, Hi2 ISO – 1,6 seg., foto única, sem rastreamento. S1: apenas 2,5º de altura; Sol: -15,3º de altura.

22-nov-2013 04:44 (06:44 UTC); 100mm – F/4, 6400 ISO – 6 seg., foto única, sem rastreamento.

22-nov-2012 04:57 (06:57 UTC); 95mm – F/4, 6400 ISO – 2 seg., foto única, sem rastreamento.

22-nov-2013 04:59 (06:59 UTC); 95mm – F/4, 6400 ISO – 2 seg., foto única, sem rastreamento. Mercúrio aparece nessa foto quase na linha do horizonte, com apenas 1,86º de altura, entre as torres dos dois prédios e à esquerda do centro da foto.

Sequência/animação: 04:46 ~ 04:53 (06:46 ~ 06:53 UTC).
A animação abaixo é baseada em um stack composto de 41 fotos. As imagens onde as estrelas aparecem como traços estão fixadas no cometa. Apenas duas imagens foram fixadas nas estrelas. A sequência mostra vários tipos de ajustes para realçar o cometa. Todas as fotos foram feitas com uma lente de 300mm – F/5.6, 6400 ISO – 1,2 segundos – câmera apenas em tripé.

S1-ISON: Mergulhando no alvorecer

S1 experimentou um aumento abrupto do brilho (outburst) em algum momento do dia 14-nov-2013, alcançando o limiar da visibilidade sem auxílio de instrumentos óticos. A atividade extra fez o cometa aumentar ~10 vezes o seu brilho. Amadores e profissionais divulgaram fotos registrando o desdobramento do evento. Algumas são simplesmente espetaculares.

As imagens abaixo são do dia 16-nov-2013, em uma oportunidade das raras noites de céu claro que tem feito em novembro.

S1 começa a ficar menos de 15º acima do horizonte leste quando o dia começa a clarear. A Lua cheia alcançou o cometa e, de agora em diante, também passa a interferir. De 17 a 22-nov, nascerá nos seguintes horários (“Horário Brasileiro de Verão”): 3:56; 4:02; 4:08; 4:14; 4:21; 4:29. A partir daí, se nenhum novo evento ocorrer, será um alvo muito difícil de se observar.

E para quem estiver abaixo dos ~10º de latitude sul, a janela de observação estará finalizada: ao contornar o Sol, S1 descreverá uma trajetória aparente que o colocará sempre no céu diurno.

Links externos (fotos):
15-nov(D.Peach)
16-nov(Waldemar Skorupa)
Spaceweather



Dois cometas e as estrelas

A campanha para registrar a passagem do C/2012 S1 (ISON) continua e, no caminho, passamos por outro cometa, um planeta e as estrelas.

Doze de novembro de 2013 e S1, que há dez dias cruzou a órbita da Terra, agora cruza a órbita de Vênus. Cerca de 40 milhões de quilômetros em 10 dias. Segue acelerando. Os próximos 40 milhões fará em 8 dias e 4 dias depois deixará para trás a órbita de Mercúrio: entre S1 e Sol, mais nenhum planeta. Será então 24-nov-2013.

O cometa vê em sua frente um Sol 3,3 maior e fervendo 11 vezes mais forte que aqui na Terra. Um ambiente bem tranquilo, se considerarmos o que lhe espera. Deste ponto, apenas 4 dias separam S1 de sua máxima aproximação do Sol, o periélio.

Vinte e oito de novembro de 2013, 18:37 TT (~UTC). O Sol irradia 6,4 mil vezes mais forte que em nosso planeta e, com um diâmetro de 40º, parece 77 vezes maior que o que vemos aqui. Uma onda térmica avança da superfície para o centro do cometa, tentando elevar sua temperatura para a casa de quase 3 mil graus Celsius. Nesse ambiente hostil, S1 brilhará furiosamente, volatizando o material que resistiu até aqui.

Durante ~1 hora o pequeno S1, estimado entre 2 km a 200 m de raio, contornará o Sol a quase 400 km/s em uma frenética corrida para a sobrevivência. Mas o objeto de bilhões de anos pode deixar de existir durante essa curta visita.

S1 não está gravitacionalmente preso ao gigante ao seu lado. Sua órbita é hiperbólica, indicando que é um visitante de fora do sistema solar, veio das estrelas e, se sobreviver, retornará para as estrelas. Certamente não sem levar as marcas de que esteve por aqui.

C/2012-S1 (ISON), 12-nov-2013 ~ 5:00 h (15 a 20º acima do horizonte – alvorada)., 51stackstars, 2 seg., ISO 6400, Tele 300mm, sem rastreamento.

Idem, ampliação-1

Idem, ampliação-2

Nesta mesma noite, o cometa C/2013 R1 (Lovejoy) mostrava-se mais brilhante que o S1.

C/2013-R1 (Lovejoy), 12-nov-2013 4:00~4:50 h. (27 a 34º acima do horizonte), 50stackstars, 2 seg., ISO 6400, Tele 300mm, sem rastreamento.

Idem, ampliação-1

9stackstars (“stack nas estrelas”).

Enquanto aguardava pelos cometas:

Júpiter

Júpiter e suas luas galileanas: Io, Europa, Ganymede e Callisto

Urano, exatamente no centro da imagem, em Peixes.

Plêiades.

Carina nebula, asterismo, aglomerados abertos.

47-Tucanae, aglomerado globular.

M42, nebulosa de Orion.

Está cheio de cometas!

Além do C/2012-S1-ISON, que enfim acusa sentir a proximidade da fornalha solar, há vários outros cometas passeando pelo sistema solar nesse momento.

Relativamente alto no céu e até ontem mais brilhante que o S1, no céu da madrugada também habita o C/2013-R1-Lovejoy. Está cruzando a linha que separa as constelações, indo de Cancer para Leo.

Veja abaixo:

Quanto anda um cometa?

S1 deslocou-se 1,7º entre 4 e 5 de novembro, ou seja, pouco mais que 3 diâmetros lunares. Mas amanhã a história já será outra.

Este cometa é um rasante solar que, no periélio, passará “raspando” por nossa estrela a 1,165 milhões de quilômetros de sua superfície, ou seja, errará o Sol por menos de 1 diâmetro solar.

Experimenta assim praticamente os mesmos efeitos de uma queda-livre. Sua velocidade em relação ao Sol saltará dos atuais 44 Km/s para algo perto de 8 vezes esse número, ou seja, quando S1 fizer sua curva ao redor do Sol, em 28-nov-2013, estará correndo a 370 Km/s (~1,3 milhões de km/h, ~1 milésimo da velocidade da luz), velocidade suficiente para cobrir a distância de uma ponta à outra da estrela em 1 hora.

Tão rápido e tão próximo do Sol que poderá desintegrar-se, embora astrônomos considerem que a chance de sobrevivência seja maior.


Links externos:
Rasante solar
C/2012-S1-ISON, Wikipedia
The Sky Live – ISON-tracker
JPL Small-Body Database Browser – C/2012 S1-ISON

(somente navegadores compatíveis com W3C – css/animation)

Composição dos dias 04 e 05 nov-2013 comparada com Cartes du Ciel e Google/sky.

O tênue brilho do cometa C/2012 S1-ISON

S1 ainda está muito fraco, mas conseguiu aumentar ligeiramente o seu brilho.

É o que se espera de um objeto que está se aproximando do Sol e também da Terra. E quando o brilho é baixo, procuramos céus escuros e “castigamos” no tempo de exposição. Já dentro da poluição luminosa da cidade e sem rastreamento, a alternativa é fazer várias fotos de curta duração e com o ISO lá em cima, ainda que isso acabe por gerar fotos com muito ruído.

S1 coloca ainda mais um desafio, pois já está se deslocando rápido entre as estrelas. Um minuto de diferença já causa um deslocamento perceptível através da tele de 300mm.

O pós-processamento que trata de dar conta de tudo isso é o image stacker. Centrado nas estrelas, o cometa desliza e aparece disforme. Centrado no cometa, as estrelas é que deslizam, deixando um rastro característico.

Veja abaixo o que 146 fotos foram capazes de gerar:

(Passe o mouse sobre a foto para ver as versões fixadas no cometa e nas estrelas)

A mágica do stacker reside na melhoria da relação sinal/ruído (SNR). Até mesmo a cauda do cometa é vista nessas fotos. Digno de nota, o cometa não está visível nem através de um binóculo 12×50.

Abaixo, stack de 86 fotos, normal e invertida (passe o mouse sobre a foto)

Stack 86x~2 seg., tele 300mm – F/5.6, ISO 3200-6400, sem rastreamento, entre 6:26 e 7:00 (UTC) de 04nov2013.

S1-ISON, movendo-se em direção ao Sol

O objeto que se move próximo ao centro dessa animação é, por incrível que pareça, o cometa C/2012-S1 ISON.

O registro é de 27-out-2013. O S1, cuja previsão de brilho era bem maior que a que apresenta, cumpre agora a última etapa de sua aproximação do Sol sem ainda estar ao alcance sequer de binóculos. Somente quando a sensibilidade atingiu magnitudes tão tênues como 12 é que as fotos começaram a registrar o cometa. Nesses níveis, até algumas galáxias já surgiam nas fotos. Para chegar a isso, foram necessárias algumas dezenas de fotos processadas “empilhadas” (stack).

Os próximos 30 dias devem contar-nos se algo mais poderá ainda ocorrer para tirar o S1 da escuridão. A recente explosão do C2013 R1 Lovejoy está aí para mostrar o quanto cometas são imprevisíveis.

Links externos:
Alfons Diepvens
CIOC

Sequência obtida entre 6:35 e 7:10 (UTC) do dia 27out2013.

Para ver a foto do Google/sky dessa região do céu, passe o mouse sobre a foto abaixo

Stack 10×2 seg., tele 300mm -F/5.6, ISO 3200, sem rastreamento, entre 7:01 e 7:03 (UTC) de 27out2013.

Lua e Vênus

Um belo par no céu do dia 8 de setembro.

Por essas bandas, a Lua quase encobriu Vênus pouco antes das 20 horas. Foi uma conjunção muito próxima, mas em outras partes do globo houve, de fato, uma ocultação. As fotos registram a conjunção aproximadamente uma hora antes da máxima aproximação, quando Vênus ainda estava pouco mais de meio grau acima da Lua. Por volta de 19:40 h., Vênus passou a menos de 0,1 º da borda direita da Lua.

Vênus percorre atualmente o céu pós-ocaso. É quando é conhecido como estrela Vésper. Quando surge no céu da madrugada ele muda de nome e passa a chamar-se estrela d’Alva. A estrela Vésper se transformará em estrela d’Alva entre a última semana desse ano e a terceira semana de janeiro de 2014.

Enquanto isso, Vênus, que já está visível durante o dia (isso mesmo, de dia!), aumentará ainda mais seu brilho até dezembro desse ano.

Lua ocultando Júpiter

Esse vídeo ficou esquecido em meio aos meus arquivos. Foi feito em 25-dez-2012, por volta das 20:50 h. (Horário de Verão). O alinhamento entre a Terra, Lua e Júpiter foi suficiente para provocar a ocultação desse último, mas somente em algumas partes do globo (mapa)

Esta foi a segunda de três ocultações seguidas visíveis (ao menos em parte) no Brasil: 28-nov-2012, 25-dez-2012 e 22-jan-2013.

O vídeo foi registrado apenas com o zoom da câmera, uma SONY-HDR-XR150 (zoom 25x).